Lilás é uma cor natural. Azulada. Uma nuance mais clara do Roxo. O nome lilás é uma referência à FLOR do mesmo nome. O lilás também é muito ligado a magia e representa uma cor mistica e sentimental. Lilás é também o nome de uma Ilha conhecida em Açores, devido à cor do céu no amanhecer e pôr-do-sol. O lilás é a junção da transcendência do azul e da energia do vermelho. Lilás é a cor do seu tarvesseiro. Ele ficou comigo quando sem querer pedi pra sua amiga pra deixar eu devolver. Tenho certa vocação de carteiro. Uma leve inclinação para entregador. Coisa genética de cunho hereditário; provavelmente algum parente tenha sido poeta no século passado ou romancista doutro mundo. Porque não queira negar que não existe certa linguagem poética em ficar com o travesseiro dos outros. Tanto é verdade que ao invés do dia dos namorados poderiamos ter o dia do travesseiro emprestado, da fronha esquecida, devolução da almofada. Feito de paina, pena, algodão, espuma viscoelástico; os travesseiros costumam conhecer todos os segredos, angustias e alegrias do dono, mas não o seu! Irretocável e irretorquível, não me disse nenhuma linha sobre sua vida. Eu não forcei, fui cordial e bastante afável, não quero saber o que não querem me contar. Alguns insistem em usá-lo na cabeceira da cama, servindo para descansar a cabeça enquanto dormem. Eu uso para colocar na cabeiceira do dia para lembrar de você quando acordo. O seu travesseiro lilás. Em Portugal, o travesseiro é um tipo de almofada comprida que atravessa (origem da palavra) de lado a lado a cama de casal. Não somos um casal, seu travesseiro nem chegou a tocar minha cama, mas vamos admitir que ele – ou você – atravessou a minha vida. Um travesseiro novo não custa caro, mas um travesseiro usado não tem preço! No amor deve acontecer o mesmo. Mas não sei, nunca amei um travesseiro... Seu pai deve ter dado falta dele. Evidentemente você não falou que ele estava comigo, porque seria uma longa história e eu ainda quero viver bastante tempo.
Não faço parte de nenhuma insdustria têxtil nem pretendo ser o primeiro escritor de cama mesa e banho, mas não poderia deixar passar tão ilustre visita sem fazer menção a tão nobre, ainda que passageiro, companheiro. Mas não me vá sentir ciúmes ou coisa do tipo, que também estou me dando muito bem com você, e se conversamos, eu e seu travesseiro, óbvio que falamos foi de ti! Aqui em casa ninguém comentou, mas todo mundo percebeu. Porque é fácil notar que um travesseiro lilás no meu quarto não deve mesmo ser meu, e nisso, um observador mais sagaz, logo conclui se tratar de um álibi, que passa longe das coisas do sono e tem o objetivo de acordar, despertar; enlouquecer...
Serviu pra matar a saudade, pois quando ela bateu o abracei. Serviu pra encurtar a distância, criar intimidade e pra dormir também. O mundo mal sabe que um travesseiro serve pra tanta coisa! Lilás como uma flor, esse travesseiro só podia mesmo ser de você.
terça-feira, 14 de junho de 2011
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